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Em 06 de junho de 2025, aniversário natalício de 154 anos do Prof. Tsunesaburo Makiguchi, Seikyo Shimbun, jornal japonês, lança série especial sobre as práticas da educação Soka no Brasil. Na parte cinco da série, os repórteres entrevistaram Rodrigo Conceição, diretor do Colégio. Apresentamos a reportagem na íntegra.
Qual o motivo de alguém de fé católica promover a educação Soka? Quem responde é Rodrigo Conceição, que ocupou o cargo de diretor do Colégio Soka do Brasil em outubro do ano passado
No censo demográfico brasileiro contém uma seção de resposta livre sobre a “fé” da pessoa. Segundo os dados, cerca de 84% da população é cristã. Rodrigo Teixeira Conceição, que assumiu a diretoria do Colégio Soka do Brasil em outubro do ano passado, também é católico devoto. Qual motivo o levou a promover a educação Soka, baseada na filosofia humanística do budismo?
No ano passado, o diretor Rodrigo Conceição conheceu a trajetória da educação humanística promovida por Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda por meio de um líder da Associação Brasil SGI (BSGI). Ele leu a obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor] de Makiguchi e o livro de orientações Aos Educadores de Daisaku Ikeda.
O diretor ficou profundamente impressionado e sentiu até certa frustração. Apesar de ter estudado pedagogia e gestão educacional na Universidade de São Paulo e na Faculdade de Educação de Harvard e de ter contribuído para a administração de três grandes escolas particulares, refletiu: “Como nunca encontrei a educação Soka antes?”.
O fundador Daisaku Ikeda confiou ao Colégio Soka do Brasil uma missão social que diz: “Colégio Soka do Brasil, / o baluarte da educação humanística, / onde floresce o potencial da criação de valor em cada indivíduo” — a filosofia da educação Soka, estabelecida pelo professor Tsunesaburo Makiguchi, junto com Josei Toda, está resumida nessa única frase.
Ao ouvir um elogio a um dos alunos do colégio, o diretor sorriu com ternura: “Nós sempre reforçamos aos alunos: ‘Vamos olhar o mundo com os mesmos olhos do fundador, Daisaku Ikeda’. Acredito que esse aluno pensou: ‘O que o Sr. Ikeda faria?’ — e agiu com base nisso”.
Pessoas que encontram “sentido” na aprendizagem e na vida
Com o reconhecimento de sua excelente capacidade de gestão e caráter íntegro, Rodrigo Conceição foi nomeado diretor do colégio em outubro do ano passado. Desde a fundação da escola como Centro de Convivência Infantil Soka do Brasil, em 2001, é a primeira vez que alguém com fé católica assume essa posição.
Hoje, o colégio oferece educação integrada do ensino infantil ao ensino médio, com 375 alunos recebendo formação como cidadãos globais sob a supervisão de 94 professores e funcionários. Observar que cerca de 60% das famílias têm crenças religiosas diferentes do budismo, não é motivo de surpresa. Pelo contrário, é justamente por ter buscado conduzir o colégio com base em sua fé que o diretor afirma: “Nesta escola, que tem o budismo como solo filosófico, sinto que é possível contribuir com a sociedade como uma instituição humanística, e não comercial”.
A educação Soka tem como propósito o “desenvolvimento da capacidade de ser feliz”. A felicidade é entendida como a criação dos valores do belo, do benefício e do bem, e sua prática busca dignificar o valor do caráter que torna isso possível.
Todas as salas de aula têm turmas pequenas. Há uma regra de até vinte alunos por classe, e os professores conduzem as aulas dialogando com cada estudante. O idioma oficial do Brasil é o português, mas o inglês é ensinado como segunda língua, e os alunos também podem aprender japonês e espanhol.
No ensino médio, disciplinas como matemática e política internacional são ministradas em inglês como parte do programa educacional do Bacharelado Internacional (IB). Por meio dele, os formandos têm ingressado não apenas em universidades brasileiras, mas na Universidade Soka do Japão e dos Estados Unidos, além de outras instituições renomadas ao redor do mundo.
Não se trata apenas de aprender idiomas no colégio visando prestar exames. Quando são questionados sobre “Por que estudam?”, os alunos respondem: “Porque quero fazer amigos ao redor do mundo”, “Porque quero ajudar a resolver problemas globais”, e assim por diante.
Crianças felizes enquanto aprendem
Para que as crianças percebam “qual o propósito do aprendizado” e “que tipo de valor pode ser criado na vida”, os educadores precisam se envolver de forma consciente e planejada — essa é a essência da educação Soka idealizada pelo Prof. Makiguchi.
Na quadra poliesportiva da Colégio Soka do Brasil, alunos do ensino fundamental 2 praticam o movimento de “toque” no vôlei durante a aula de educação física. O diretor Rodrigo Conceição explica: “Os professores transmitem aos alunos que até esse treino carrega os valores ‘do belo, do benefício e do bem’. O professor Makiguchi dizia que o objetivo da educação física é promover a saúde, a base da felicidade”.
Quais são esses três valores?
Primeiro, destaca-se o “belo”. Nesse caso, corresponde ao prazer de praticar o esporte em si.
A seguir, identifica-se o “benefício”. Ao observar a trajetória da bola e abrir bem os dedos para recebê-la, os alunos desenvolvem a sensibilidade das pontas das mãos — chamadas de “segundo cérebro” —, aumentando a capacidade de raciocínio e de concentração. Também aprimoram a percepção espacial, útil tanto na vida cotidiana quanto em futuras profissões. Essa capacidade de gerar “benefício” surgirá por meio de ações voltadas para si e para os outros.
Por fim, contempla-se o “bem”. Ao dar o toque de forma que o colega possa recebê-lo com facilidade, além de se comunicar e sincronizar os movimentos, eles conseguem evidenciar o melhor de si.
Esse tipo de prática desenvolve habilidades de cooperação e sensibilidade social, levando a uma vida voltada para a criação de valor social.
Em um simples treino de “toque”, os alunos demonstram entusiasmo — talvez porque sentem o “propósito” por trás da atividade. O mesmo brilho é visto nas salas de aula de ciências, música, artes e trabalhos manuais.
Como escola associada à Unesco, a instituição tem o compromisso de formar pessoas capazes de enfrentar desafios globais com base nos ideais de “paz” e “direitos humanos”. Por isso, o diretor busca fortalecer ainda mais os princípios da educação Soka.
Reuniões regulares são realizadas com professores, alunos e até com os pais, para refletir, juntos, sobre “o que é a educação Soka”.
No saguão do colégio, alunos do ensino fundamental 1 e professores se reuniram. O nome das crianças e dos adultos, que fazem aniversário foi chamado. Todos diziam: “Parabéns!”, “Te adoro, você é muito especial!”. Em seguida, juntos cantaram a música Parabéns.
O diretor sorriu. “Construir um mundo humano onde todos possam sentir genuinamente: ‘Que bom que eu nasci!’ — esse é o desejo do Sr. Ikeda, não é mesmo?”
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